Todos os países têm a sua própria história da cerveja e a dos Estados Unidos está longe de ser desinteressante. A cerveja chegou ao Novo Mundo com os primeiros colonos europeus.
Se acompanhou bem as suas aulas de história e geografia na faculdade, lembrar-se-á de que os colonos vieram de Inglaterra, Espanha, França e até da Holanda. Para que conste, o primeiro nome de Nova Iorque foi Nova Amesterdão!
A cerveja chegou assim com várias culturas e sob os melhores auspícios no novo continente. Por isso, levo-vos numa viagem pela louca história da cerveja nos Estados Unidos.
O primeiro edifício permanente nos Estados Unidos foi uma fábrica de cerveja!
Pela minha parte, adoro esta anedota! De acordo com os Diários dos Peregrinos da época, os colonos do Velho Mundo atracaram em Plymouth Rock porque tinham ficado sem cerveja! Para poderem continuar a sua viagem, precisavam de se “hidratar”, como seria de esperar!
Então, partindo desta constatação, estabeleceram uma base temporária nesta futura cidade para poderem fabricar cerveja. Foi assim que surgiu oficialmente a primeira fábrica de cerveja americana. Nessa altura, a cerveja era fabricada pelos colonos e, portanto, rigorosamente idêntica à que podia ser consumida em Inglaterra.
Nova Iorque e Filadélfia foram as duas primeiras cidades americanas onde se estabeleceram cervejarias artesanais. Muitos anos mais tarde, Nova Iorque tinha 42 fábricas de cerveja no início do século XIX. Portanto, já nessa altura havia muito para encher a sua caneca de cerveja!!!
A cerveja inglesa tornou-se americana
No início, o tipo de cerveja fabricada era idêntico ao que se podia encontrar em Inglaterra. Isto só faz sentido porque os colonos ingleses que se tornaram americanos só conheciam a cerveja do seu país natal.
A partir da segunda parte do século XIX, as coisas começaram a mudar. Pode dizer-se que foi nesta altura que o
De facto, durante este período, o país assistiu a ondas de imigração do norte e centro da Europa. Estes povos estavam bastante habituados às suas próprias cervejas, como as lagers ou as pilsners. Ainda hoje se pode encontrar este tipo de cerveja nos Países Baixos, na Dinamarca, na Alemanha ou na República Checa.
Como estes recém-chegados eram grandes consumidores de cerveja, os seus gostos começaram a suplantar a cerveja americana. A cerveja local era bastante escura e pesada, ao passo que a cerveja europeia recém-chegada era muito mais pálida e lupulada.
Em poucas décadas, esta “nova” lager estabeleceu-se claramente e a sua produção atingiu o auge no final deste século. O afluxo maciço de imigrantes desempenhou um papel importante na ascensão desta cerveja e no aumento da sua produção. Pelo menos até o início do próximo século.
O período da Proibição
É aí que o drama acontece! De 1920 a 1933, a proibição do álcool nos Estados Unidos causou estragos no sector cervejeiro. Uma vez que era ilegal consumir álcool, toda uma secção da economia americana sofreu.
As cervejarias artesanais e as grandes cervejarias perderam quase toda a fonte de lucros de um dia para o outro. No entanto, algumas delas estão a conseguir sobreviver graças ao fabrico de açúcar a partir de extractos de malte.
Alguns sortudos também se reconverteram a fabricantes de gelados ou mesmo de refrigerantes! Adapte-se ou você vai morrer em qualquer um deles …
O fim da Proibição não permitiu que as cervejarias fechadas se recuperassem e retomassem seus negócios. A década de 1930 marcou um período de grande depressão e queda no consumo.
As cervejarias americanas produzem cerveja barata
As poucas cervejarias que haviam se convertido durante a Proibição ainda tinham suas instalações de produção. Assim, começaram a produzir em massa cerveja que não custava muito. Marcas como a Budweiser e a Schlitz passaram a ser as melhores a partir de então, porque os seus orçamentos ficavam colados aos bolsos dos seus compatriotas.
Graças ao seu sucesso, estas cervejeiras puderam ainda aumentar a sua produção e baixar constantemente os seus preços, de modo a inundar o mercado. Bem-vindo ao consumo em massa de um produto com um sabor insípido e estandardizado…
A vingança das cervejarias artesanais
O consumo desta cerveja produzida em massa começou a mudar a partir do final da década de 1970. Até essa altura, uma lei americana, the Tied House Law, proibia as cervejeiras de venderem a sua produção no local. Imagino que se tratava de uma lei para proteger o negócio lucrativo destes gigantes da cerveja!
Seja como for, a revogação desta lei permitiu que surgissem várias pequenas cervejeiras e que estas pudessem desenvolver o seu negócio pouco a pouco. Isto foi feito por fases porque, permitam-me que vos recorde, estamos num país federal. Cada Estado adopta as suas próprias leis e, uma a uma, autorizou as nossas queridas cervejeiras.
Desde esta abertura, o boom das cervejarias artesanais tem sido constante.Algumas cresceram e tornaram-se industriais, mas também permitiram lançar cervejas que são uma mudança em relação às oferecidas desde os anos 30! Viva a diversidade!
A evolução da cerveja nos Estados Unidos tem tido muitas reviravoltas. De facto, este país ocidental é o único que teve a distinção de proibir a venda de álcool durante 13 anos. E agora já sabe o resto. Felizmente, as coisas estão a mudar e os americanos podem agora beber uma boa cerveja que sabe tão bem como no seu país!
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