Grandes erros sobre a cerveja: n°3: a cerveja é para os pobres

Já alguma vez ouviu a frase, que a cerveja ou o seu consumo era vulgar? Que é uma bebida de pobre? Se não, estás com sorte porque é bastante irritante quando chega aos teus ouvidos. Se já leram algum dos meus posts, já devem ter reparado que me estou a posicionar um pouco como o Cavaleiro Branco da Cerveja! ⚔️

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Se está a ler este artigo, é provável que seja um falante de francês. No entanto, não sei se é francês. Se não for, precisa de compreender que a cultura francesa está intimamente ligada ao vinho. A nossa economia depende em grande parte da sua produção e do seu consumo.

Tudo começa aí e compreenderá porque é que algumas pessoas consideram a cerveja uma bebida para pobres, literalmente.

Começo pela causa histórica e depois pego em várias expressões negativas que pode ouvir aqui ou ali. Tudo acaba bem, não te preocupes!

1) Tudo começa com os Romanos

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Aha! Aqui estão eles, os verdadeiros culpados da história! Vou contar-vos o que se passou: na Gaule estávamos muito sossegados, a tratar das nossas vidinhas. Andávamos à pancada uns com os outros por causa das terras, do gado e das mulheres. Eram os bons velhos tempos do cada um por si e dos deuses para quem os quisesse. Nessa altura, a nossa bebida principal era a cervoise que fazíamos com os nossos cereais. Canecas de cerveja esvaziavam e enchiam depressa!

E então, sem um momento de hesitação, lá estava ele! Môssieu César com as suas legiões romanas! O resto da história já se sabe: Gergóvia é um espetáculo e a Ásia é um desastre… De qualquer forma, os nossos queridos gaulois levaram uma boa tareia e foram anexados por César, que depois regressou a Roma para ser aureolado de glória. O Império Romano tinha um modus operandi relativamente simples: todas as suas províncias deviam ser governadas pela lei de Roma, pelos seus usos e costumes e pela sua religião. Os nossos queridos romanos eram devotos da uva, nomeadamente do vinho. A sua técnica para domar os seus novos conquistadores consistia também em impor-lhes a sua cultura.

Foi assim que a vinha começou a florescer na Gália e as pessoas começaram a beber vinho. Os galaicos burgueses começaram, portanto, a beber vinho e a abandonar a cervoise dos seus antepassados.

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Felizmente, a população continuou a fabricar cerveja e a bebê-la. Era muito mais acessível do ponto de vista financeiro e demasiado popular para desaparecer.

2) Conflito de estatuto social entre a cerveja e o vinho

Foi efetivamente desta época que nasceu esta diferença de apreciação entre o vinho e a cervoise que entretanto se tornou a cerveja. Isto acontece há mais de 2.000 anos, o que é uma grande loucura, não é?

Consegue imaginar-se a ir a um restaurante elegante e a pedir uma cerveja? Não, claro que não. E eu sou o primeiro. O meu caso é um pouco especial porque, apesar de adorar cerveja, não gosto de a beber com uma refeição. Também sou grande apreciador de vinho, mas bebo-o muito menos vezes do que cerveja. Por isso, um restaurante ou um jantar romântico é a ocasião perfeita.

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É a própria imagem que a cerveja reflecte que a coloca abaixo do vinho. Consegue imaginar uma refeição de chefes de estado com Heineken na mesa? Uma com um maço de Kro? Não, claro que não. A cerveja parece demasiado barata em ocasiões especiais. vinho é mais glamoroso…

Há uma diferença de preços que pode ser abismal entre o vinho e a cerveja, sobretudo nas grandes colheitas de Borgonha ou Bordéus. O vinho tem um estatuto social diferente do da cerveja. No entanto, as coisas estão a mudar, pois é cada vez mais chique beber cerveja.

De tanto cortar os calções ora para o vinho ora para a cerveja, lembro-me que estamos a vender calções! Aqui fica para os fãs:

Tudo original, vou dar uma olhadela!

3) Conflito de gerações entre vinho e cerveja

Espero que não levem a mal, mas vou usar um exemplo muito concreto para ilustrar este título. Um amigo meu casou-se há alguns anos e, para a ocasião, os seus sogros ofereceram-se para ajudar nas despesas. Assim, decidiram pagar o álcool. Não é um item insignificante quando se sabe o que custa um! ‍❤️‍

Refeição de casamento

Os pais assumiram que as pessoas estariam a beber vinho e champanhe. Os noivos desejavam que um tocador de cerveja também estivesse presente durante o vin d’honneur e durante a noite. O comerciante de vinhos assegurou aos pais que tudo o que não fosse bebido (garrafas de vinho e barris de cerveja) poderia ser-lhes devolvido. Então, está bem para a máquina de caramelos. Acabaram por ficar com caixas de vinho por abrir enquanto mais de uma dúzia de barris foram assobiados! Os pais não perceberam o que se tinha passado e pareciam incrédulos. Os noivos, por outro lado, tinham-lhes avisado: “Os nossos amigos bebem vinho à mesa mas preferem cerveja como aperitivo e à noite“.

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A moral desta história verdadeira é que os tempos mudam. Se olharmos para os números, os franceses bebem cada vez menos vinho, sobretudo os jovens. As mentalidades estão a mudar, mas é preciso tempo para a assimilação.

4) A cerveja tem mau aspeto

Lembro-me de quando era miúdo, andava pela cidade e via jovens a passear com os seus cães. Sentavam-se nas praças da cidade e bebiam cerveja. A minha mãe costumava dizer-me: “Estás a ver aqueles miúdos? <>. Assim, eu tinha integrado a ideia de que cerveja = punks = alcoólicos imundos.

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Claro que podem imaginar que mudei muito. Era apenas a visão de uma criança que vê coisas que não compreende. Eram apenas jovens a beber umas cervejas ao ar livre com um determinado estilo de roupa e cabelo. Sem julgamentos, a cada um o seu!

Outra anedota: quando era adolescente, costumava dar um pequeno passeio pela cidade com 2 ou 3 colegas, com uma lata de cerveja na mão.

Também aqui, é a imagem que projectamos quando bebemos uma cerveja, vista pelos presunçosos….

5) A cerveja faz de ti um alcoólico

Ao escrever este artigo apercebo-me que estou a contar um pouco da minha vida, não é? Mas não faz mal, porque pelo menos é um pouco da vida real! E por falar em vida real, gostaria de contar mais uma anedota

Para que conste, as minhas histórias de infância e adolescência decorreram numa pequena cidade de província, mas já estou instalada em Paris há alguns anos.

Se é parisiense, já alguma vez bebeu uma cerveja no metro? Bem, ok, já estou a ver algumas pessoas a dizer-me “Er, sabes que é proibido beber álcool no metro???”.

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É isso, declaro-me culpado. Mas, em minha defesa, devo esclarecer 2 coisas:

  • Isto só me aconteceu algumas vezes. Era apenas uma antecipação da “cerveja de recompensa” no final de um dia de trabalho.
  • De facto não é proibido! Sei-o porque tenho . O consumo de álcool é permitido, mas a embriaguez e a conduta desordeira são repreensíveis.

Já não o faço há muito tempo mas o que também me bloqueava na altura era sempre aquele famoso olhar das pessoas, cheio de juízos de valor no modo “Olala viste aquele! Ele está a beber uma cerveja aqui, e blá blá blá…”

Por outro lado, não posso deixar de mencionar os pobres infelizes que se vêem na abertura do supermercado a ir comprar a sua lata de 8.6. Uma cerveja como uma segunda-feira o quê…

Aqui, com certeza, o efeito renderizado não é grande… Mas não é a cerveja que deve ser incriminada, é antes o seu vício. A pode ser sinónimo de cerveja, mas cerveja não deve ser sinónimo de alcoolismo.

6) A cerveja é vulgar

Ok, estou a anunciar que agora é tarde demais. Já citei demasiadas anedotas pessoais para ficar por aqui! Então vamos continuar com a vida agitada de Julien!

Vivi durante algum tempo na Inglaterra, há cerca de vinte anos. Por lá, a visão da cerveja é totalmente oposta à nossa. Ir à às 5 da tarde não faz de ti um alcoólico. Socialmente falando, é completamente normal. No entanto fiquei chocada quando cheguei a este país.

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Pode-se sempre colocar a questão de quando beber biere ou melhor, a partir de que horas, mas acho que a resposta está dentro de cada um de nós, besourinho.

Por muito estudante de francês que eu fosse, não estava habituado a beber pintes. Na altura, eu conhecia este formato como “sério” em França. Os franceses tendiam a beber demis. E agora apercebo-me que toda a gente neste país bebe 50 cl de cerveja em cada rodada!

Que surpresa foi, também, quando vi raparigas a engolir pints como se fossem xarope! E arrotar no processo, senão perde o encanto, claro! Foi muito estranho para mim ver raparigas vestidas ao estilo inglês -tradução: decote profundo e saia curta… bem, já perceberam a ideia!- a andar em bandos de 10 com cada um pint na mão.

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Tenho de admitir que, sim, no início achei que era foleiro. E eu só tinha 20 anos! Mas a explicação era simples: estava culturalmente condicionado a ver isso como algo invulgar, na melhor das hipóteses. Uma rapariga bonita, bem vestida, com uma grande cerveja na mão, parecia estranho.

A forma a juventude como se costuma dizer, mas é também uma abertura a outras culturas, normas e hábitos. E, no entanto, tudo o que tive de fazer foi atravessar o Canal da Mancha!

A cerveja não é, portanto, mais vulgar do que qualquer outra bebida, mas é antes a interpretação da sociedade que nos pode levar a pensar assim. Por isso, vamos manter os olhos bem abertos e aprender com os nossos erros, ok?

6) Jovens se embebedam com cerveja

Antes da passagem para a vida adulta, quando se é jovem, quer-se experimentar muitas coisas. O álcool é uma delas. É curioso como beber uma cerveja quando se é adolescente pode parecer banal para nós, franceses, enquanto os americanos esperam teoricamente até aos 21 anos para tomar a sua primeira bebida! No entanto, não estou a trazer à baila o debate sobre quando beber cerveja.

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Em qualquer filme americano, os adolescentes deixam de se sentir assim que um deles consegue apanhar um pacote de 4 cervejas! Uau, vamos ser bons rapazes e vamos beber cerveja… Isto também vem do grande laxismo que sempre existiu em França sobre a venda de álcool. Mas isso mudou nos últimos anos, uma vez que as lojas pedem agora identificação.

Para voltar ao facto de os jovens se embebedarem com cerveja, bem, sim, é um facto. Não sou um profissional de saúde, mas suponho que ainda é menos mau do que a . Para quem não sabe, trata-se de beber o mais depressa possível para ficar bêbedo. Que melhor maneira de o fazer do que com uma bebida forte…

Nos anos 60, os jovens costumavam embebedar-se com vinho e agora pode ser com cerveja. Que assim seja. Esta continua a ser a minha opinião, mas penso que com a cerveja é… menos pior! Em todo o caso, jovens

7) A cerveja está a ficar na moda e qualitativa

É um facto, o consumo de cerveja tem vindo a aumentar de forma constante desde há vários anos. Cada vez mais consumidores estão a optar por cervejas mais sofisticadas do que as marcas internacionais de supermercado. As cervejarias artesanais estão a brotar como cogumelos por toda a nossa terra.

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Isto segue a tendência alimentar dos últimos anos, o “consumir melhor“. O bio também apareceu no sector da cerveja. O preço da cerveja artesanal, a cerveja artesanal, é significativamente superior ao que se pode encontrar no supermercado. Varia muito, mas o preço por litro pode multiplicar-se por 3 ou 4 facilmente.

As tendências vão e vêm mas o que é certo é que esta camisola com capuz prova que se pode ter orgulho em gostar de cerveja e mostrá-lo:

Nada mau, vamos lá ver!

Assim, as pessoas estão preparadas para investir muito mais dinheiro em boas cervejas. Isto pode aumentar rapidamente a fatura se pagar o seu aperitivo com cervejas vendidas individualmente. Vai custar-lhe mais do que uma garrafa de vinho.

8) A cerveja está a tornar-se um produto de luxo

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É engraçado como as coisas podem mudar, não é?

Há 20 anos atrás, nunca se encontraria uma cerveja numa loja de vinhos. Agora existem lojas que vendem apenas cerveja artesanal em todo o lado.

Os paladares estão a tornar-se mais refinados e uma palavra como zythologue (o equivalente em cerveja de um oenólogo) começa a ser conhecida. A cerveja mais cara do mundo é a Cerveja do Pólo Norte. Foi fabricada em 1852 para satisfazer uma expedição britânica ao Ártico por Sir Edward Belcher. Pensa-se que apenas uma garrafa chegou até nós por abrir. Foi vendida em leilão por 4.600 euros em 2015!

Este exemplo é extremo, mas vem ilustrar o facto de que a cerveja não é necessariamente o que costumava ser. Está a aumentar o fosso entre a bebida acessível vendida em packs e estas cervejas vendidas individualmente. A degustação de cerveja ainda é um fenómeno recente, mas está a ganhar força. Basta ver a pesquisa sobre o que é biere ipa.

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O engouement pour ces bières plus qualitatives n’est plus à démontrer. Os consumidores estão a gastar mais do que antes na sua cerveja.

A cerveja está a tornar-se mais democrática e gentrificada ao mesmo tempo. Isto pode parecer um paradoxo, mas é precisamente o facto de a cerveja estar a assumir as suas lettres de noblesse que a está a conquistar um novo público. A nossa cervoise gauloise percorreu um longo caminho e começa a dar nas vistas.

Esta gentrificação faz-me lembrar a famosa frase de Shakesbeer, “Two beer or not two beer, that is the question”. Já ouviste falar nisso? As grandes mentes pensam da mesma forma e por isso decidimos escrevê-la na esta T-shirt:

É bonita, vamos lá ver!

A cerveja ainda arrasta uma imagem negativa junto de alguma população, mas isso tende a diminuir com esta subida de gama. A diversidade de sabores, cores, texturas e componentes confere à cerveja um estatuto próprio. O futuro da cerveja parece brilhante e, pessoalmente, estou muito contente com isso!

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